inteligentes como gente



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Depois do longo post sobre mascotes, retorno ao Atomic para mostrar um dos trabalhos mais complicados, em termos técnicos, que já desenvolvi: as campanhas da Agropecuária Jacarezinho, cliente da agência onde trabalho.

A Agropecuária Jacarezinho é uma das líderes do setor de produção de sêmen, inseminação artificial e seleção de bovinos geneticamente superiores. Cria animais reconhecidos por vários certificados importantes na área onde atua.


A agência Pontual Propaganda (Araçatuba/SP) foi responsável pela comunicação da Jacarezinho durante anos, realizando diversos trabalhos. Dentre eles, os que mais se destacaram foram as campanhas que utilizavam ilustrações de animais bovinos agindo como se fossem humanos.

A princípio as belas imagens eram produzidas pelo designer e ilustrador, Renato Nascimento (algumas delas podem ser conferidas em seu portfólio pessoal: www.ilustrando.com.br). Após seu afastamento da agência (não, ele não foi demitido - rs), ficou sob minha responsabilidade prosseguir com o material. O que foi um grande desafio.

Lápis e papel na prancheta, um scanner potente (nem tanto) e horas de trabalho foram necessárias para que a campanha de Leilão de Touros daquele ano ficasse pronta. (Obs. Confesso que fiquei um pouco intimidado devido à grande qualidade do trabalho anterior). O objetivo desta nova ilustração era fortalecer o conceito recém-criado Animais com Formação Superior. Na imagem, um jovem touro feliz recebe seu diploma e é assistido por uma grande platéia. Clique nas artes para ampliá-las.

Arte para o 15º Leilão de Touros Jacarezinho. Animais com formação superior.

No ano seguinte, mais um leilão, mais um desafio. Desta vez, nosso touro já estaria no mercado de trabalho e muito bem sucedido. Nasce o conceito Animais bons de negócio. O cliente aprovou!

 Arte para o 16º Leilão de Touros Jacarezinho. Animais bons de negócio.

Imagem aproximada. O logotipo da Jacarezinho está presente em vários detalhes.

Já em 2011, aproximando-se do próximo leilão, foi decidido manter a ideia de Animais bons de negócio, mas com nova abordagem, relacionada à fertilidade dos touros criados pela empresa. Para representar nada melhor que o másculo Touro Jacarezinho passeando de carro com várias vaquinhas apaixonadas. Muito espertinho!

 Arte para o 17º Leilão de Touros Jacarezinho.

Imagem aproximada. Nada de bebidas alcoólicas, as vacas bebem água.

Espero que tenham gostado das imagens. Logo, o AtomicDesign retorna com mais bate-papo e apresentações de trabalhos meus. Até breve

O Poder dos Mascotes I



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Eles são carismáticos, despertam atenção tanto dos mais novos, quanto dos mais velhos. Emocionam, explicam, atravessam inúmeras gerações sempre com um sorriso estampado, convencidos de que oferecem o melhor produto do mercado. 

Claro que me refiro aos queridos mascotes, que cativam as pessoas nas inúmeras campanhas publicitárias onde se apresentam.

O AtomicDesign inicia aqui uma série de postagens referentes a eles, apelidada de “O Poder dos Mascotes”. A intenção é explorar este universo tão complexo e muitas vezes pouco discutido pelos profissionais de marketing e design. Em cada post, serão abordadas questões relacionadas a esses personagens e, por fim, será selecionado um, entre os mais queridos pelo público, para uma breve análise, contando um pouco de sua história.

Mas afinal, o que são mascotes?

Inicialmente, a palavra mascote era usada para designar qualquer coisa que trouxesse sorte e(ou) felicidade. Segundo o Dicionário Online de Etimologia1, o termo mascote é de origem francesa e deriva da palavra masco (mágico). Popularizou-se com o teatro musical La Mascotte de 1880 (The Mascot, em inglês) onde foi atribuído o sentido de “boa sorte”.

Somente no final do século XIX, surgiram os primeiros mascotes no mercado publicitário, quando houve uma evolução nas técnicas de impressão, permitindo a utilização de imagens junto aos textos publicitários (segundo artigo de Gonçalves Gomes2 , especialista em Artes, Design e Comunicação).

A partir daí, o nome mascote começou a ser atribuído para toda pessoa, animal ou objeto animado que representa uma marca ou uma empresa.

Em seu artigo, Gonçalves Gomes ainda cita que no período pós-guerra o consumo de produtos disparou e não havia tantas possibilidades na área de comunicação para as empresas divulgarem seus produtos. A publicidade em televisão, por exemplo, apenas engatinhava. Para atrair a atenção dos consumidores, a estratégia que muitas destas empresas adotaram foi a de humanizar seus produtos. Como? Fácil! Se eu vendo pastas de dentes, por que não transformar elas em personagens com perninhas e bracinhos? E assim foi feito. A Procter & Gamble, por exemplo, adicionou músculos de atleta em seus produtos de limpeza e os “hamburgers” da McDonald’s ganharam bocas e olhos.


Rapidamente as pessoas se atraíram por estes primeiros mascotes e, a partir daí, a concepção das personagens tornou-se muito mais elaborada. Eles passaram a ter diferentes aspectos físicos como formas, expressões e até mesmo timbres de voz, e diferentes aspectos psicológicos como personalidade, estilo de vida e comportamento.  Nesta época, verdadeiras celebridades foram criadas, tais como o tigre Tony, da Kellogg’s, e o Sony Boy, da japonesa Sony. Um novo conceito estava surgindo, o mesmo utilizado até hoje.

Tony da Kellogs. Visual original seguido de seu visual contemporâneo.

Sony Boy, da Sony.

Os mascotes passam a ser não apenas um instrumento para atrair atenção e humanizar um produto, eles têm como função humanizar uma marca através de vínculos afetivos e cognitivos. Passam a ser a representação física da marca e de seus valores, com forte apelo emocional.

No próximo “O Poder dos Mascotes” será abordada a relação destes mascotes com o público mais sensível a eles: as crianças. Mas antes, vamos mergulhar um pouco no universo de um dos pioneiros e mais significativos personagens publicitários.

Bibendum, o Boneco Michelin
de burguês fumador ao simpático super-herói


A francesa Michelin é uma das marcas mais tradicionais e conceituadas do mercado, um verdadeiro exemplo de alta tecnologia e de segurança desde 1889, quando foi fundada. Iniciou suas atividades produzindo os primeiros pneus desmotáveis, que não necessitavam de cola na ligação com os aros, segundo o blog Mundo das Marcas3

Homem Michelin, conhecido também como Bibendum, nasceu em 1898 e desenvolvido pelo artista francés O’Galop (pseudônimo de Marius Rossillon). André Michelin, um dos fundadores da empresa, encomendou a criação do personagem depois que seu irmão Édouard observou que a forma de pneus empilhados assemelhava-se à uma figura humana. Hoje, tornou-se uma das marcas mundiais mais reconhecidas e é representado em mais de 150 países.

Todo esse prestígio e imagem de bom samaritano do mascote esconde um passado negro. Originalmente, o boneco Michelin não passava de um amontoado de pneus burguês, festeiro, beberrão, fumador de charutos, com caros anéis em seus dedos e óculos antigos, inspirados nos de seu dono, André Michelin. Porém, todas estas características não eram tão mal vistas naquela época, pelo contrário, o mascote representava uma classe em ascensão do final do século XIX, os poucos indivíduos que possuíam poder para comprar um automóvel.

O site da Michelin4 traz algumas informações sobre o mascote. Sua primeira aparição foi em um cartaz de 1898. O Homem Michelin aparecia oferecendo um brinde com a chamada “Bibendum Nuc est” (agora é hora de beber). Em sua mão direita, uma taça cheia de restos de estrada, que se parecia com pregos, entulhos e cacos de vidro. Fechando a peça, o slogan “Le pneu Michelin boit l’obstacle” (o pneu bebe o obstáculo). O conceito demonstra claramente a resistência dos pneus em relação aos concorrentes de uma forma muito diferente das vistas atualmente, capaz de provocar, até mesmo, estranhamento. 


O apelido Bibendum foi dado meses mais tarde durante uma corrida automobilística. O piloto Théry, ao ver passar André Michelin, exclama: “Olha lá o Bibendum”. O nome fica conhecido e passa a denominar o mascote.


Com o passar dos anos, Bibendum deixa as bebidas, os charutos e passa por inúmeras transformações conforme a evolução sociocultural da própria sociedade. Passou de gênio à até mesmo astronauta. Curioso perceber sua aparência. Provavelmente, seus idealizadores optaram pela cor branca de seus pneus já que o carbono, que atribui a coloração preta ao produto, foi adicionado apenas depois de 1912. Antes disso, os pneus possuíam uma cor cinza clara, levemente bege e translúcida. Porém, mesmo depois dos pneus tornarem-se negros, sua cor branca foi mantida e assim persiste até os dias de hoje.


A partir do final de 2009, o personagem muda novamente. Adquire postura heróica, confrontando vilões e perigos encontrados pelos motoristas, tais como a bomba de gasolina maléfica e a estrada esburacada. Torna-se um verdadeiro super-herói, um pouco mais magro e mais expressivo do que antes. Luta para aumentar a eficiência do combustível, da segurança e contra o desgaste dos pneus.



No próximo post do AtomicDesign, um pouco do meu trabalho na concepção de mascotes. Até breve!

Referências:

recriando uma marca: BEAKID - parte 2



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Olá, galera que está acompanhando o Atomic!

Como prometido, a segunda parte do tópico sobre o design elaborado por mim através da agência Pontual Propaganda para a marca de calçados infantis BEAKID (a primeira parte está no post anterior).

Depois de aproximadamente um ano trabalhando com a marca BEAKID, o cliente solicitou a criação de conceito e visual para uma nova linha que estavam lançando: calçados para o público pré-adolescente. BEAKID Teen foi o nome escolhido por nós (agência e eu). Minha preocupação inicial com o visual foi preservar a identidade já estabelecida e adaptá-la para estes jovens, possuidores de valores e percepções muito diferentes da criançada, afinal eles já se consideram "gente grande". Este desejo juvenil em adquirir direitos (não os deveres) dos mais velhos foi considerado na concepção da linha Teen.  Todos personagens presentes nas ilustrações, portanto, teriam alguns anos a mais que o verdadeiro público-alvo.

Abaixo, duas destas ilustrações acompanhadas de seus respectivos modelos de caixa produzidos.




Esta última ilustração publicada da BEAKID Teen pertenceu a um anúncio institucional, com um tom levemente mais dark, pegando a onda da moda vampiresca à la Crepúsculo (filme que honestamente nunca digeri).



Já no início de 2010, o cliente BEAKID ansiava pelo lançamento de mais duas linhas de calçados.
Sim, ele se empolgou com esse lance de expandir a marca, mas não vamos discutir isso agora.
A BEAKID Love, que se tornaria BEAKID Kid, lançaria tênis femininos para pré-adolescentes entre 10 e 14 anos; já a BK Adventure, tênis masculinos para crianças entre 5 e 8 anos. Para a primeira foi elaborado um aspecto levemente mais travesso que o BEAKID original. Uma mascote graciosa e cheia de estilo foi criada, com direito a manual de identidade próprio.



Para a BK Adventure desenvolveu-se uma linguagem completamente diferente, voltada aos meninos. O  tema escotista, ligado às florestas, está presente em toda concepção da "nova" marca.


O mais bacana em todo material da BK Adventure certamente foi a produção da caixa do calçado, pois tornava-se um brinquedo com figuras para recortar e um cenário com direito a pista de voo, hangar, animais e floresta.



Para finalizar, dois anúncios casados (um do lado do outro) publicados em uma revista especializada, divulgando o lançamento das duas marcas.



E aqui termina esse longo e dividido post sobre a BEAKID. Espero que tenham curtido. Logo, o Atomic retorna com algum assunto diverso relacionado à comunicação e imagem. Até lá!
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